Os jornais da TV vão sempre ao ar nos horários das refeições e, se por um lado isso garante mais audiência às emissoras, por outro também sobrecarregam de mal estar os telespectadores. São notícias de toda a sorte de violência que trazem sentimentos desalentadores a respeito do futuro da sociedade como um todo.
Indigesto, tanto o jornal, como a expectativa de futuro de uma sociedade seriamente doente. Parece que a dignidade não mais move as pessoas. A violência tornou-se mais um ingrediente da refeição.
A afirmação de que nada mais parece comover as pessoas, que ninguém mais se importa com poesia, ou ainda que não existe mais emoção a partir das coisas simples da vida tornou-se falsa numa noite de lua cheia.
Um dia de sol, de temperatura agradável, isolado em meio a frente fria que imperava há meses, levou a população às ruas em Balneário Camboriú. A praia encheu-se de guardassóis coloridos e os maiôs e biquínis saíram do fundo da gaveta. Um campeonato de frescobol foi improvisado. Crianças aprendiam a andar de bicicleta no calçadão e cachorrinhos desfilavam orgulhosos com seus donos.
A sensação de conforto da brisa morna roçando a pele continuou com o sol se pondo que transformou o céu e o mar em uma profusão de tons avermelhados. Exatamente nesse momento o grande espetáculo aconteceu: uma lua alaranjada despontou por detrás do morro, na barra sul.
Imensa, gloriosa, refletindo na água do mar. Por todo o calçadão os moradores e turistas, armados com seus celulares, apontavam em direção à lua para registrar aquele momento.
Centenas de pessoas interromperam o que estavam fazendo e começaram a fotografar. Os quatro parceiros de dominó procuravam a melhor aproximação da câmera, o atendente do quiosque abandonou seu posto. As sacadas dos prédios ficaram lotadas de espectadores.
Foi nessa hora que a sociedade se redimiu das más notícias e dos prognósticos pessimistas. A lua ainda tem o mesmo poder de encantar e de inspirar como fez com poetas e apaixonados de todas as eras.
Somos ainda sensíveis e sensibilizáveis diante da grandiosidade da natureza e isso, se não é a solução em si, já é um grande alento para termos certeza que a humanidade existente em cada um de nós é mais poderosa que as más notícias e pode sim combater e vencer os nossos piores problemas cotidianos.
À lua cheia, que nos instiga e nos comove, os nossos aplausos.
Eliana Ruiz Jimenez - Balneário Camboriú/SC
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