Recebi de um amigo, por e-mail, um link do "you-tube" para a cena de dança de Zorba, o grego, de 1964, onde Anthony Quinn ensina o visitante britânico interpretado por Alan Bates a dançar o sirtaki, música criada para o filme e que mistura ritmos lentos e rápidos da dança folclórica grega.
A cultura grega assemelha-se muito ao folclore de outros países europeus, como Portugal, Espanha, Holanda e Alemanha, que comemoravam suas colheitas em festividades com muita música, dança, roupas e pratos típicos.
Tanto as músicas como a dança folclórica refletem uma alegria, uma leveza de espírito que está cada vez mais rara de ser encontrada e, por esse motivo, os eventos que as rememoram, como a Oktoberfest, em Santa Catarina, e a Expoflora, da Holambra, em São Paulo, fazem tanto sucesso.
As baladas atuais não têm mais como atrativo principal a música ao vivo, o que, além de ser uma grande perda para a qualidade do evento, é um desestímulo aos jovens que poderiam fazer do estudo da música uma profissão.
Simplesmente chega um DJ com seu equipamento em uma maleta e o conecta nas caixas de som a todo volume, até que trepidem desconfortavelmente e provoquem nos frequentadores o suicídio de suas células ciliadas, aquelas responsáveis pela audição, isso depois de supliciadas por horas no ambiente fechado e insalubre de uma balada.
O desconforto dessas festas é tal, que os jovens fazem uso de uma parafernália de estimulantes, desde bebidas energéticas, passando por abusivo consumo de álcool, até o uso de toda sorte de psicoestimulantes sintéticos derivados de anfetamina, como o ecstasy ou outras preparações similares, que podem conter cafeína, LSD e outras substâncias alucinógenas.
Tudo isso para que os frequentadores possam alcançar um nível de desinibição e euforia, tão sintético quanto os químicos que ingerem, e consigam permanecer nesse ambiente por toda a noite, nas chamadas raves, embalados por uma música de batida repetitiva, sem criatividade e muitas vezes irritante.
Onde, no passado recente, a alegria inerente ao ambiente festivo foi esquecida? Onde está a música de qualidade, a troca de olhares, o convite para dançar, a gentileza?
Não se trata de saudosismo. Apenas lamento que a alegria não mais se digne a aparecer de cara limpa, que o moderado não seja mais uma opção e que os grandes momentos da criação musical tenham ficado no passado.
Enquanto essa situação não se reverte, bem-vindo “you-tube” com seus memoráveis vídeos de músicos de todos os tempos!
Eliana Ruiz Jimenez - Balneário Camboriú/SC
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