Acoplamento
A mesma escultura da mocidade
moldada em mulher madura:
cabelos mais curtos, mais claros,
mais sóis em seu olhar
verde-floresta misteriosa,
o sorriso aberto
mais cheio de certezas,
as mesmas mãos de carinho fácil.
Talvez haja equívoco em abrir
o velho jarro soterrado
na interseção do tempo.
Mas a razão é beco baldio
diante da curiosidade.
A vida, mariposa ardilosa,
nunca havia permitido
o acaso do reencontro.
Astutos astrônomos
planejaram uma conjunção planetária
e no jarro-ânfora aberto
intacto, o amor de juventude
jazia conservado pela esperança.
Libertos os bens do mundo,
há de queimar-lhes as vísceras
o desejo de mais acoplamentos.
Nos recônditos de uma história,
onde o amor não foi protagonista,
pungem novas saudades.
Eliana Jimenez
Vencedora
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